No dia 21 de setembro comemora-se, no Brasil, o Dia da Árvore. Essa data foi escolhida há 30 anos, no início da primavera, pois os povos indígenas brasileiros sempre cultuaram as árvores à época das chuvas ou quando se preparava a terra para semear. Um fato curioso é que, por razões climáticas, o Norte e Nordeste do Brasil cultuam a árvore na última semana de março, no período referente ao início das chuvas naquela região, e não como acontece no resto do País.
Além de embelezar praças, avenidas e ruas, as árvores refrescam o ambiente. Isto acontece porque dão sombra e mantêm a umidade do ar. Além disso, as plantas ajudam a diminuir a poluição porque absorvem o gás carbônico proveniente da queima de combustíveis. Isso significa mais oxigênio para os seres vivos. As plantas também mantêm firme o solo, sendo indispensáveis nas encostas, às margens de rios e mananciais. Isso sem contar com os deliciosos frutos que nos servem.
Outro fato importante é que muitos remédios podem ser feitos a partir das árvores. Para se ter uma idéia, um em cada quatro medicamentos empregados pela indústria farmacêutica tem origem vegetal. Cerca de 70% das plantas classificadas pelo Instituto do Câncer dos Estados Unidos como indicadas para o tratamento do câncer são encontradas exclusivamente nas florestas tropicais. Existem 1,4 mil espécies vegetais que podem servir para esse fim.
A madeira das árvores é amplamente usada para fazer papel, móveis, edifícios, lápis, tecido, filmes fotográfico e também serve de aditivo para comida, usado na fabricação de queijo, mistura para bolo e até sorvete. É a extração predatória das árvores para estes fins que causa a extinção das espécies. E, à medida que o homem derruba árvores e vai acabando com as florestas, os animais que ali vivem também vão desaparecendo um a um.
São por esses motivos que as florestas vêm desaparecendo em ritmo acelerado. Cerca de 13 % da floresta amazônica já foi devastada. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a área que a Amazônia já perdeu equivale a uma França. Isso sem falar na quase que extinção da Mata Atlântica, um dos mais ricos ecossistemas mundiais.
Mas apesar das queimadas e do desmatamento para exploração da madeira e abertura de pastagens, pode-se comemorar o Dia da Árvore com vários pontos positivos na preservação de espécies: no Brasil (cujo nome é homenagem a uma árvore: o pau-brasil), existem hoje mais de 100 unidades de conservação que englobam florestas, reservas e parques. Em nossa região existe o Parque Estadual do Morro do Diabo, com quase 34 mil hectares de mata e a maior reserva de peroba-rosa do Estado de São Paulo.
Além das iniciativas do governo, são muitas as entidades não governamentais que lutam para a conservação de espécies nativas e ameaçadas de extinção. Sem falar no esforço coletivo da mídia em divulgar as ações que podem ajudar a preservar nossas árvores, como: escrever nos dois lados de cada folha de papel, tentar usar papel de rascunho ou metades de folha quando possível, fazer a coleta seletiva do lixo para reciclagem do papel, procurar comprar papel reciclado, utilizar guardanapos de tecido em vez de papel, não comprar móveis de madeira de árvores em perigo de extinção, não cortar árvores sem autorização da prefeitura, preservar as árvores localizadas às margens de rios, córregos, nascentes, represas, topos de morros, montanhas, serras e áreas em declive e...
... plantar árvores, como forma de lembrança de nossa passagem pela Terra.
“A árvore, quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira.” (provérbio árabe)
"Velhas Árvores"
Olavo Bilac
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Por Máriam Trierveiler Pereira
Possui graduação em Engenharia Civil, especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e mestrado em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Paraná e é Doutoranda em Engenharia Química com ênfase em Gestão, Controle e Preservação Ambiental pela Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área de Engenharia Ambiental, com ênfase em avaliação de impactos ambientais, sistema de gestão ambiental, qualidade ambiental da água, modelagem de poluição difusa, educação ambiental, planejamento e índices de qualidade sócio-ambiental urbana.
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