Nunca se ouviu falar tanto em meio ambiente como nos 10 últimos anos. Junto com assuntos de polÃcia e polÃtica, o meio ambiente ganha destaques nos principais meios de comunicação todos os dias. São notÃcias que ressaltam a beleza natural de locais turÃsticos, criação de reservas e parques de preservação ambiental, comemorações escolares baseadas em calendários ambientais, constatações de áreas degradadas e poluÃdas, problemas ambientais urbanos e rurais, debates sobre legislação e fiscalização ambiental, denúncias de crimes ambientais cometidos por pessoas fÃsicas e jurÃdicas etc...
Mas por que o meio ambiente está tão na moda? Será que o ser humano realmente está se preocupando com a natureza que o cerca? Será que a humanidade está mais sensibilizada para as questões ambientais?
Desde a Revolução Industrial, o meio ambiente vem sendo castigado duramente pelo modo de vida e produção da sociedade, cada vez mais “istaâ€: consumista, capitalista, individualista e imediatista. Por mais de cem anos, o homem não se preocupou com a degradação do meio, apenas com sua exploração para benefÃcio próprio. E o crescimento populacional é cada vez maior. Esse é um dos principais fatores de poluição, pois a natureza não consegue se recompor na mesma velocidade em que a população extrai seus recursos.
Em 1972, foi realizado o primeiro encontro mundial em Estocolmo para debater os problemas surgidos com a Revolução Industrial. No Rio de Janeiro, em 1992, aconteceu o segundo encontro mundial para rever as metas traçadas em Estocolmo e propor novas medidas de controle ambiental e em 2002, em Johannesburg, mais uma conferência foi realizada. Será que muita coisa realmente mudou desde 1972? Ou toda a discussão apenas serviu para deixar o assunto em evidência?
Atualmente é muito fácil encontrar uma pessoa que “entenda profundamente†do assunto. Em todos os segmentos da sociedade existem especialistas que encabeçam projetos ambientais e os colocam em prática. Com as reuniões mundiais, a mÃdia deixou em destaque termos técnicos que a grande maioria da população utiliza como se conhecesse seu real significado. Tem-se, por exemplo, as palavras mágicas: “desenvolvimento sustentável, “ecologicamente corretoâ€, “globalizaçãoâ€, “gestão ambientalâ€, “tecnologia limpaâ€, “crise energéticaâ€, “movimento ambientalistaâ€, “educação ambientalâ€...
As ações efetivas que ocorrem em favor do meio ambiente são restritas a pequenos grupos, como organizações não governamentais, associações independentes e instituições acadêmicas. Essas ações, muitas vezes, resolvem problemas pontuais e individualizados, porém não podem ser aplicadas a outros locais com caracterÃsticas diferentes. Esse é o grande problema de se adotar soluções prontas de um paÃs para outro, pois a realidade é completamente diferente.
Dessa forma, as razões para o modismo ambiental são as mesmas da moda ‘fashion’. Infelizmente, o dinheiro e o poder sempre estão por trás das verdadeiras razões para se falar sobre meio ambiente. Algumas pessoas ganham dinheiro facilmente se envolvem a palavra “ambiental†em seus negócios. Outras falam de meio ambiente para se mostrarem atualizadas sobre o assunto.
Não podemos nos esquecer que a moda tem caráter efêmero, é passageira. E se o meio ambiente está em moda hoje, pode ser que não esteja no futuro. Aliás, por que devemos cuidar da natureza? Porque queremos ter futuro. Algumas pessoas não se preocupam se o planeta estará em boas condições daqui a cem anos, pois sua visão é limitada ao seu tempo de vida, que até pode chegar aos 90 anos. Na verdade, somos um pouco egoÃstas, se está bom para nós, não nos preocupamos com os que virão depois. Mas não podemos nos esquecer que a Terra já existe há pelo menos 4,5 bilhões de anos e que foi constantemente modificada para podermos habitá-la. Portanto, não temos o direito de destruÃ-la, nem de nos destruirmos. Os dinossauros foram extintos por uma catástrofe natural, apesar de serem muito maiores e muito mais fortes do que os seres humanos. Por essa razão temos uma idéia que podemos também ser extintos, e dessa vez por nossa própria culpa.
Se falamos em preservação ambiental devemos falar com convicção e com consciência, não apenas por que está na moda. Devemos mostrar que realmente nos preocupamos com algo maior e que seja duradouro. Qual sua idéia sobre tudo isso?
Por Máriam Trierveiler Pereira
Possui graduação em Engenharia Civil, especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e mestrado em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Paraná e é Doutoranda em Engenharia QuÃmica com ênfase em Gestão, Controle e Preservação Ambiental pela Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área de Engenharia Ambiental, com ênfase em avaliação de impactos ambientais, sistema de gestão ambiental, qualidade ambiental da água, modelagem de poluição difusa, educação ambiental, planejamento e Ãndices de qualidade sócio-ambiental urbana.
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