Maurício Brusadin
São nas crises que as oportunidades aparecem, e não a nada mais poderoso que uma idéia cujo momento chegou, o Aquecimento Global aumentou nossas responsabilidades, iniciamos este convite com uma fala de Luther King, pois o silêncio que paira em nossa sociedade nos exige uma profunda reflexão, acreditamos que só a Juventude poderá desfazer os nós de nossas gargantas e através do seu grito acordar os cidadãos para um novo modo de fazer política e para um outro processo civilizatório, no qual os seres humanos e a natureza possam encontrar a harmonia necessária em busca da felicidade.
Diante dos desafios que o Terceiro Milênio traz consigo, um dos mais preocupantes é a superação da crise por que passa a democracia representativa e com ela a participação dos jovens na vida política. Se hoje constatamos uma progressiva ocupação do mercado nas decisões políticas e, atrelado a estas, os interesses econômicos que se camuflam em torno do aparelho estatal, levando consigo um modelo baseado na substituição do ser pelo ter, conduzindo nossa civilização ao falso dilema de que nossa felicidade esta atrelada ao consumo de bens materiais, acarretando a ampliação do uso de recursos naturais, colocando em risco a vida na Terra, é urgente que nós jovens concentremos forças para estabelecermos e criarmos alternativas frente aos novos paradigmas por que se passa nosso Planeta.
O momento por que passamos traz à memória a historia de louco que procura uma chave perto do poste de luz; quando lhe perguntam por que procurar ali, se ele tinha perdido a chave num canto escuro, ele responde “Mas é mais fácil procurar onde está claro!”. Não é ironia definitiva o fato de os tecnocratas pregarem a falência do modelo democrático em nome da governabilidade, colocando a vontade popular em segundo plano. O que se parece constrangedor é o fato de aceitarmos que nós, jovens do mundo, fiquemos totalmente dependentes das autoridades para saber o que esta ocorrendo, ou seja, nada vemos nem ouvimos, tudo o que sabemos já foi decidido, ferindo os princípios democráticos. Para fazer um paralelo com a história do louco, todos nós, sejam os jovens ou intelectuais, insistimos em procurar a solução para sairmos da crise democrática dentro das formas propostas há séculos, ou seja, procuramos a solução onde está claro, mas dificilmente, encontraremos, se esforços não forem despendidos, para nos apontarem o “lugar” correto onde nos perdemos.
Tendo a crise da Democracia como ponto de partida, e a aparente apatia da Juventude nos processos de participação política, nós jovens verdes do Brasil temos a honra de convidar os Jovens Verdes do Planeta para discutirmos nosso futuro comum, após discutirmos exaustivamente sobre qual tema deveria permear nossas discussões no Encontro, chegamos a conclusão que o momento exige um amplo debate sobre a participação dos jovens na Política, com esse intuito propusemos que nossa reunião tenha como eixo central “A Participação dos Jovens Verdes na Política: Impactos e Perspectivas”, acreditamos que o tema em questão abrirá caminhos para tentarmos elucidar os instrumentos de controle do poder político e buscar soluções frente as reformas pelas quais o Estado passou e que não foram acompanhadas por mecanismos de controle mais efetivos, ou seja, o que é notório, ao nosso ver, é que cabe a nós Jovens alertar a toda a sociedade que existe um descompasso entre as modernizações econômicas do aparelho Estatal frente à permanência de estruturas arcaicas de controle de poder e, infelizmente este descompasso fere os valores centrais defendidos pelos Verdes do mundo todo, ou seja, a liberdade, a igualdade e a supremacia da vontade popular. Nós Jovens Verde do Planeta devemos nos organizar para mostrar aos cidadãos que é possível e necessário utilizar os novos mecanismos do Estado que tornam o Governo mais eficiente e, ao mesmo tempo, construir um espaço de cidadania plena de determinação do exercício de poder político feito pelo povo em nome da sustentabilidade.
Esperamos que através das experiências que trocaremos ao longo do Encontro, encontremos caminhos para derrubar o muro criado entre juventude e política, fazer política para a maioria dos jovens passou a representar um demérito, não conseguiremos promover nenhuma mudança se não resgatarmos em nossos jovens o sonho coletivo de que outro mundo é possível, como todos sabem, a melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo, engajar-se na luta pelos direitos das futuras gerações é a forma que temos para construir este sonho, sabemos que essa não é uma tarefa fácil, os maus exemplos oriundos dos políticos tradicionais, que só enxergam seus interesses privados, tem reduzido as esperanças da nossa população, mas uma ave deve voar, mesmo que o céu esteja cheio de abutres.
Sejam bem vindos!
Um fraterno Abraço
Maurício Brusadin
Secretário Nacional da Juventude – Brasil
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